BIANCA ROSSINI

A Carreira de Bianca Rossini: Atriz Brasileira ‘Made in USA’ Que Brilhou em Hollywood e na TV

Ela foi a paranormal cubana “Corina Santiago”, no seriado americano “The Sentinel”. Na verdade a palavra “paranormal” não é correta. Nem mesmo espírita. Ela foi mãe de santo mesmo! Incorporando Oxum, ela tinha poderes como telecinesia e, claro, tudo aquilo que se espera de um personagem bem estruturado na televisão, em um seriado policial sério.

Essa atriz é a nossa entrevistada desta edição. Mas, antes, vamos dar uma olhada em alguns de seus trabalhos. É bom você se sentar, porque a lista é meio longa e inclui televisão, cinema e teatro. Vejamos: ligo a televisão e lá está ela na campanha da Levi’s, dançando um tango.

Muda a cena. Lá está Bianca Rossini dançando mais um tango, desta vez com Richard Dreyfuss no longa metragem Luar Sobre Parador (Moon Over Parador), contracenando com ele, Sônia Braga e Raul Júlia; trinta segundos depois ela já está fazendo o papel da mãe de um garoto internado no hospital da série Chicago Hope (exibido no Brasil, até o ano passado pela Record). Mas não fica só nisso. Rapidamente vemos a atriz carioca em “Diagonosis Murder” (CBS), “Matlock” (Viacom/NBC), “Corte Marcial” (Martial Law), “One Life to Live” (ABC), “Search For Tomorrow” (NBC), “The Marshall Chronicles” (ABC-TV), “The Bold and The Beautiful” (CBS) e “Dark Justice” (CBS). Isso sem falar do destaque em “D.C.O.L” (Playboy TV).

Não acabou. Ela não pára de trabalhar. Lá está Bianca novamente em “Mobsters”. Pouco depois ela está contracenando com Christian Slater. Além disso ela esbanja competência em “Brainiacs” (Disney), “Blue Fiction”, “Ride Me” e um sem número de outros trabalhos na televisão, cinema e teatro americanos. Eu disse teatro?

Não posso esquecer que ela já foi Juliet (de Romeu and Juliet) em Washington e deixou marcas muito especiais em seus papéis como “Nova” no belíssimo musical infantil “The Point” (Los Angeles), “Lisa” em “The Girl On The Via Flamina” (Washington), além do papel principal de “Colombe” em Mademoiselle Colombe.

E essa atriz talentosa, linda e multimídia – se é que essa palavra se aplica – gostou de sua experiência como uma mulher com poderes paranormais em “The Sentinel”, e diz que gostaria de ter outros papeis como aquele.

Quark – Bianca, vamos começar falando do seu papel em ‘The Sentinel’. O que você achou de participar em um seriado americano no qual você fazia o papel de uma “mãe de santo” que incorporava “Oxum”?

Bianca – O meu personagem era de uma americana nascida em Cuba, que trabalhava para o prefeito da cidade como “community liason”, um tipo de representante da comunidade junto à prefeitura. Essa mesma mulher, que tinha um cargo importante no governo local, também incorporava o espirito de “Oxum” na vida pessoal.

Durante as filmagens eu também dei aulas de dança afro-brasileira, com acompanhamento de percussão ao vivo. Claro que eu aproveitava e incluía diferentes danças dos orixás. Dai que foi muito fácil para eu interpretar o personagem e acrescentar uma dimensão pessoal e diversificada.

Quark – Como você foi contratada para o papel?

Bianca – Ah, isso é curioso. Sabe, na noite anterior ao meu teste, enquanto eu tentava ler os diálogos do meu personagem, a minha voz literalmente desapareceu. Dá pra acreditar? Eu tinha acabado de pegar uma terrível gripe.

Para meu espanto, eu não fiquei nervosa com isto. Eu disse à mim mesma que não tinha nada com que me preocupar e fui dormir. No outro dia eu fui para o teste tentando ler as minhas falas, no script, enquanto dirigia.

Depois da minha entrevista os diretores pediram que eu esperasse para fazer novamente o teste para os produtores. Bom enquanto eu estava esperando para conversar com eles, vi outras cinco atrizes chegando para o mesmo teste. Todas estavam usando uma roupa preta e bem sexy. Eu, ao contrário, estava vestindo uma roupa clara. Aí eu pensei: “Eu devia ter vindo de preto “

Com minha voz de ‘gripada’ tive que explicar aos produtores, durante a entrevista, que em três dias a minha voz estaria perfeita. Foi aí que um deles falou: “Você está perfeita Bianca”. Dias depois eu estava em Vancouver para fazer o papel.

Quark – E o que foi que mais atraiu você para esse papel?

Bianca – Acho que foi a versatilidade, inteligência, sensibilidade do meu personagem e o fato de que além de atuar o papel principal feminino, eu coreografei, dancei, cantei e até compus uma melodia para o filme.

Quark – Você alguma vez recebeu um espírito na vida real?

Bianca – Não, nunca. Uma vez me lembro de uma ritual numa floresta no Rio (Rio de Janeiro). Era o ritual de um grupo espírita que fazia caridade para crianças e eles estavam fazendo oferendas paras os espíritos. Minha mãe me convidou e, como sempre, eu adorei a oportunidade. Sabe, esse tipo de ritual me fascina por causa do batuque, das danças, das canções, do vestuário, enfim de todos os componentes que eu acho não só espirituais, mas também extremamente teatrais.

Quark – Você alguma vez viu um americano incorporar espírito?

Bianca – Interessante você perguntar. Eu tenho uma amiga, atriz, que diz receber vários espíritos e ela me convidou para uma reunião espiritual que ela tem todas as semanas na casa dela. Eu fui. Éramos uns 5 a 7 adultos incluindo uma menina de 7 anos, aluna dela de teatro. Todos eram americanos, atores, escritor, diretor, cantor, eu era a única brasileira.

Enfim nos sentamos ao redor da mesa as luzes apagadas, incenso e algumas velas no centro da mesa, e todo mundo concentrado. Cada um fazendo os seus pedidos e preces e eu observava, respeitando o ritual mas questionando e observando. Como o espírito que a minha amiga incorporara tinha senso de humor, eu falei umas brincadeiras e estávamos rindo. De repente eu senti alguém entrar na sala, atras de mim. Foi quando eu vi o meu pai, que já havia falecido há mais de dez anos.

Foi algo tão forte e inesperado Apesar do choque eu vi uma oportunidade para testar a veracidade do espirito da minha amiga. Então eu perguntei a ela se ela tinha notado alguma coisa, ela respondeu “O seu pai esta aqui” . Eu perguntei: “onde?”. “Do seu lado esquerdo, com a mão direita dele sobre o seu ombro esquerdo”. Ela até confirmou como ele estava vestido. Aí ela me deu a mensagem que ele tinha para mim. Foi uma experiência muito forte. A descrição dela foi exata.

Quark – Nossa então você acredita que seja mesmo possível canalizar espíritos

Bianca – Olha, eu mesma nunca recebi um — que eu saiba. Mas definitivamente já tive visões e uma intuição muito arguta. Eu acredito que existe um mundo espiritual que a maioria das pessoas não tem idéia de como conectar.

Quark – Você gosta de ficção científica?

Bianca – Sim, claro! Eu acho um veículo muito positivo para estimular a imaginação e explorar uma variedade de temas como o futuro, outras formas de vida, ciência, tecnologia etc.

Quark – No Brasil os seriados Jornada nas Estrelas (Star Trek) e Arquivo X (The X-Files) fazem sucesso com milhões de pessoas. O que você acha deles?

Bianca – Eu acho os dois seriados ótimos. E únicos, pois você tem uma licencia maior para explorar personagens e atuações que fogem um pouco do normal da televisão.

Quark – Você crê em destino? Em magia?

Bianca – Olha, Aldo, eu acredito que cada um de nós tem o próprio destino e não vivemos num vácuo. A vida de cada um de nós afeta a vida dos outros, direta ou indiretamente.

Quark – Grande parte dos nossos leitores são do sexo masculino. Você participou de clips do Canal Playboy, nos Estados Unidos, e o jornalista Allyson Adams afirmou ter ficado impressionado com sua alquimia entre “paixão e vulnerabilidade”. Como você define essa “alquimia”?

Bianca – Uma certa transparência, uma espontaneidade em expressar como eu me sinto sem julgamentos e estar totalmente presente no momento. E também em me sentir aberta à energia da outra pessoa. Sabe, se a energia dela não for suficiente numa cena, então eu tenho que usar a minha própria imaginação.

Quark – Como é sua vida hoje, nos Estados Unidos?

Bianca – Nossa, o meu tempo e dividido entre a produção e apresentação do meu Show, testes para filmes, shows de TV e comerciais. No momento eu estou terminando de editar um romance (em inglês) que eu escrevi já há tempo e que espero publicar no próximo ano. Estou também ensaiando para o meu show de bossa nova e MPB. Aliás, estou aguardando isso ansiosamente. Também divido meu tempo entre a dança e a ginástica. Vou ao cinema, teatro, shows, janto fora, me encontro com amigos

Para relaxar totalmente, a minha escolha favorita e ir passar uma tarde na praia, caminhado, ou simplesmente deitada, curtindo o visual do céu, das ondas, da mudança de luz. Isso me faz um bem incrível.

Quark – Fale um pouco sobre o seu talk-show. Como surgiu?

Bianca – Praticamente quase todas as pessoas que eu conhecia e que estavam no meio me incentivavam: “Bianca você tem que ter o seu próprio ‘Talk Show'”. Desde pequena sempre gostei de ouvir as pessoas contarem as suas histórias. De uma forma geral elas se sentem confortáveis comigo e às vezes revelam coisas bem íntimas. Para mim é natural e eu adoro.

Quark – Como você consegue fazer tanta coisa ao mesmo tempo. Onde você arranja tempo para tudo isso? Para estudar tanto, trabalhar tanto. Você tem um clone por aí?

Bianca – Bem que gostaria. Não e uma ma idéia, hum você conhece o laboratório em que eu poderia fazer a encomenda? (rindo). Mas, na verdade só gostaria do clone se fosse um modelo mais aperfeiçoado (mais risos).

Quark – Como é o seu personagem no novo filme da Disney, Brainiacs?

Bianca – O filme dirigido por Blair Treu. É a respeito de dois adolescentes que pretendem assumir a fábrica de brinquedos do pai para forçá-lo a passar mais tempo com eles. O meu personagem é de uma russa que, junto com o sócio, (papel do ótimo Dom Deluise), planeja também assumir o controle da fábrica. E super engraçado.